CENAS DO PASSADO E DO PRESENTE, REAIS E IMAGINÁRIAS, DÃO VIDA AOS 101 CONTOS CURTOS E MICROCONTOS, RESULTANDO NUMA CRÔNICA DO BAIRRO HISTÓRICO DE SANTA IFIGÊNIA, NO CENTRO DA CAPITAL PAULISTA.
TEXTOS E FOTOGRAFIAS - EDIÇÃO E PROJETO EDITORIAL, DO AUTOR PEDRO EDSON CONSTANT: @PEDROEDSONCONSTANT
CAPA - ARTE COLAGEM, DA ARTISTA IDA FELDMAN: @IDAFELDMAN - WWW.IDAFELDMAN.ORG
PREFÁCIO DO ESCRITOR E EMBAIXADOR DO BRASIL EM CABO VERDE, BERT JR: @BERTJR - WWW.BERTJR.COM.BR
LANÇAMENTO DA 1ª EDIÇÃO
NA FEIRINHA DA IDA
NO CINE PETRA BELAS ARTES
DIA 26/11 - DAS 11H ÀS 18H
RUA DA CONSOLAÇÃO, 2423
METRÔ PAULISTA - LINHA AMARELA
MUITO MAIS QUE UM LIVRO!
“Contos de Santa Ifigênia” é um livro de contos curtos ou microcontos. Em cenas curtas, e sob um olhar sensível e atento, as narrativas dão vida a personagens que habitam e circulam pelo Centro Histórico da Cidade de São Paulo, mais precisamente no Bairro de Santa Ifigênia, eixo de ligação e expansão do centro e da cidade de São Paulo. São cenas do passado e do presente do Bairro de Santa Ifigênia que dialogam entre si e nos levam à reflexão e à apreciação estética e histórica, além de emocionar.
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"Contos de Santa Ifigênia" é fruto de um olhar atento que se conectou a partir das cenas do cotidiano do Viaduto Santa Ifigênia, importante obra inaugurada em 1913 e que foi fundamental para o crescimento e modernização da capital paulista. O olhar atento teve o privilégio de observar os personagens da vida real, a partir do Mirante do Vale, o icônico e um dos maiores edifícios da cidade de São Paulo, com seus 50 andares sobre o Vale do Anhangabaú, local onde o autor vive e produz arte e narrativas reais e imaginárias. A partir desse foco, o olhar se expandiu e navegou pelo Largo do Paissandu, pela Igreja de Santa Ifigênia, pelas ruas, becos, avenidas e praças.
Assim, o olhar inquieto captou o mendigo que reza, o pedido de casamento, o beijo roubado, o andarilho que se alimenta do resto do lixo; observou a alma de camelôs, artistas de rua, policiais, ladrões de celulares, turistas, entre outros, deixando vivo todo esse universo através de 101 contos curtos ou microcontos que conseguem entrar na alma dos personagens, ressaltando seus desejos, frustrações, mágoas, e o que resta de esperança. Esse olhar sensível, imaginação e pesquisa, ainda trouxeram personagens e suas vivências desde a época de inauguração do viaduto, 1913, estabelecendo uma relação histórica e cultural entre o bairro e os personagens do passado e da atualidade. As cenas do passado ainda remetem à época de expansão da própria cidade de São Paulo para além do Patteo do Colégio.
A obra foi escrita nos processos de abertura e fechamento da cidade motivados pela pandemia de Covid 19. Por isso, as cenas carregam uma carga emocional mais exacerbada, onde a vida é questionada através de cada um dos personagens.
O objetivo é realizar um projeto amplo, não apenas a publicação do livro impresso e digital, mas que resulte numa intervenção urbana, num meio de contribuição social, num diálogo cultural entre as pessoas e o bairro, entre o passado e o presente, entre todos nós, de ontem e de hoje!
RELEASE PARA IMPRENSA
“Contos de Santa Ifigênia”, do jornalista Pedro Edson Constant, será lançado no próximo dia 26 no Cine Petra Belas Artes durante a tradicional Feirinha da Ida
O livro traz 101 contos curtos e ou microcontos, em cenas reais e imaginárias, onde o cenário é o bairro histórico de Santa Ifigênia, no centro da capital paulista. A capa é da artista Ida Feldman e o prefácio do escritor e embaixador do Brasil em Cabo Verde, Bert Jr.
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O livro “Contos de Santa Ifigênia”, do jornalista Pedro Edson Constant, terá seu lançamento no próximo dia 26 no Cine Petra Belas Artes, durante a realização da última edição do ano da tradicional Feirinha da Ida. O autor estará recebendo o público e amigos para autógrafos no horário de realização da Feirinha, das 11h às 18h.
Com capa de Ida Feldman, artista e curadora da Feirinha da Ida, e com prefácio de Bert Jr, escritor e embaixador do Brasil em Cabo Verde, a publicação é do próprio autor, e foi escrita no período de isolamento social motivado pela pandemia de Covid 19.
Morador do bairro histórico, e a partir de um ponto privilegiado de observação, ou mesmo através de imersões a pé pelo bairro, o autor traz cenas reais e imaginárias, do passado e do presente, em 101 contos curtos e ou microcontos.
As cenas remetem à época de criação e expansão do bairro, ou da inauguração do viaduto de Santa Ifigênia, ou da atualidade, estabelecendo uma conexão entre o passado e o presente, ousando pensar o futuro, resultando numa verdadeira crônica sobre Santa Ifigênia, além de uma revisita histórica.
“Outro dia escutei uma comerciante dizer que Santa Ifigênia estava morto. Eu afirmo o contrário, Santa Ifigênia está vivo e pulsante. Apesar de todos os problemas que conhecemos, o bairro tem uma característica de renovação permanente, por si só, pelos seus moradores e por quem visita ou apenas circula pelo local”, destaca o autor.
“Santa Ifigênia sempre cumpriu um papel importante para a cidade de São Paulo, desafiou o passado, e desafia o presente e o futuro. É uma questão de estar atento às possibilidades positivas do bairro”, completa.
A narrativa em cenas curtas, traz o desafio de captar a alma de cada personagem que poderia passar despercebido por qualquer um de nós. As motivações e as frustrações se descortinam. As mazelas do passado e do presente também se vinculam.
Andarilhos, estudantes, comerciantes, ambulantes, ladrões, policiais, artistas e anônimos, são alguns dos personagens que habitam o universo de “Contos de Santa Ifigênia”. Do mendigo que reza sob a marquise; do beijo roubado no viaduto; da senhora que distribui flores em meio à pandemia; dos modelos nus que fotografam no viaduto; todos os personagens e cenas não escaparam do olhar atento e sensível do autor.
A ARTE EXISTE PORQUE A VIDA NÃO BASTA! CENAS E PERSONAGENS REAIS E IMAGINÁRIOS QUE NOS HABITAM E NOS ATRAVESSAM! PASSADO E PRESENTE CAMINHANDO JUNTOS! ALGUNS CONTOS PARA LEITURA...
Comerciante em ascensão, esteve ao lado das autoridades na inauguração do viaduto. Agora o novo bairro crescia definitivamente para além do Patteo. Queria incrementar ainda mais seus negócios.
Naquela tarde falou aos pequeninos que Santa Ifigênia já abrigou ex-escravizados, foi povoada por imigrantes, conviveu com uma elite paulistana, e hoje convive também com andarilhos que vêm da Cracolândia.
Mostrou a tela onde pintou o rio que ocupava o Vale, e onde também pincelou num canto da tela uma face sombria. Contou que o rio era chamado de “bebedouro das sombras” pelo povo Tupi, porque espalhava doenças na época. Vendeu a tela.
Embaixo da marquise, era noite e ventava. Puxou o saco preto e rezou alto.
Saíram nus bem no comecinho da manhã de domingo, em plena quarentena. Ninguém viu: só viu quem escreveu a respeito.
Pensou que estava velha demais para estar sem destino. Era ex-escravizada e tinha raiva de trabalhar para gente branca. Passava o dia pedindo esmolas.
Bebeu um vinho no quadragésimo terceiro andar, junto com o artista que criou o novo espaço cultural nos céus do Anhangabaú.
Ia toda tarde até à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos para ver as batucadas. Naquele dia contou que estava grávida.
Do viaduto observava a intervenção artística, um letreiro luminoso na vidraça do apartamento do arranha-céu, com a frase escrita em neon: agoniza, mas não morre. Refletiu a respeito da cidade, do bairro, da vida em si, além da ausência do carnaval. Pensou na fragilidade da vida, pois naquela semana o autor da letra agonizou e morreu no berço no samba a trezentos quilômetros de distância, em terras cariocas, por pura ironia do destino. Voltou a caminhar.
Quando viu as casinhas aos pés dela, na igreja, encantou-se com Santa Ifigênia! Fez questão de comentar para um turista que estava a seu lado, que Santa Ifigênia era negra, pagã, princesa egípcia da Etiópia, e que se tornou cristã e escapou do fogo de sua condenação à fogueira, além de dizimar o fogo que queimaria sua casa, sendo, por isso, intercessora daqueles que pedem por um lar. Fez então o sinal da cruz.
Ousado, atirava uma pedra contra a luminária centenária do viaduto. Roubava a fiação e o bocal para vender. Tinha hora certa para voltar no dia seguinte.
Ofegante, apesar da costumeira enchente, cruzou a rua da estação ferroviária e chegou ao cortiço onde morava. Já era tarde demais. Perdeu o colchão para a água.
Em tempo de pandemia, por um descuido seu, o homem todo sujo, um andarilho, veio e abraçou afetivamente sua filhinha, de repente, no meio do viaduto. Num impulso, então correu, tirou a menina dos braços dele, e, sem pensar em mais nada, passou álcool em gel nos braços da pequenina, por medo de contágio do vírus. Mas se sentiu desumana por isso.
ICONOGRAFIA PARA "CONTOS DE SANTA IFIGÊNIA"
AS PARCERIAS COM IDA FELDMAN E BERT JR
Pedro Edson Constant é paulistano, nascido na Mooca, e morador do Bairro de Santa Ifigênia, no Centro Histórico da capital paulista. É jornalista pela PUC Rio e artista pelo SATED Rio. Leia mais >
Já publicou matéria no Caderno Nova Economia da Folha de SP, apresentou e produziu dois programas pela Web Rádio Antena Zero: “Antenado” e “Helena Black In Concert”. Além de repórter, foi colunista de cultura, atuou como social media e assessor de imprensa. Foi eleito e reeleito para o Conselho Estadual LGBT+ do Estado do Rio de Janeiro. Foi diretor da Ordem dos Jornalistas do Brasil/RJ (antiga Ordem dos Velhos Jornalistas). É produtor e agente cultural. Escreveu e produziu as peças da sua própria companhia de teatro. Foi jurado de Carnaval da cidade de Niterói/RJ (quesito Comissão de Frente). Sempre escreveu. Segue criando e indagando personagens reais e imaginários. Seus personagens já ganharam o palco em produções teatrais, ao mesmo tempo em que conviveu com personagens reais nas vivências enquanto repórter, seja num morro carioca ou numa periferia paulista, ou num centro cultural badalado, ou numa manifestação de rua. Descobrindo a arte e as emoções que pulsam nas pessoas e em si mesmo, até mesmo numa reportagem com colete à prova de balas numa ação policial, ou numa madrugada de plantão numa delegacia policial, ou ainda, visitando um relevante projeto social, suas vivências aguçaram o olhar, descortinando o que está na alma e na construção social, individual ou coletiva.